quinta-feira, dezembro 01, 2005


FRAGMENTOS
“Chuvas incessantes que transformavam o solo em lama permanente onde era impossível semear, de modo que se receava que a raça humana se extinguisse por inteiro(…) na época da colheita todo o tipo de ervas daninhas e joio traiçoeiro tinham infestado os campos por completo(…) quando em algum lugar havia qualquer coisa comestível à venda os preços subiam assustadoramente(…) depois as pessoas terem comido os animais selvagens e as aves que conseguiam apanhar, foram forçadas a procurar todo o tipo de carniça para comerem carne humana(…) viajantes eram assaltados por pessoas mais fortes, os membros cortados em pedaços, cozidos e comidos(…) muitos que se tinham albergado para a noite, eram abatidos durante a noite e serviam de alimento para aqueles que os tinham recolhido(…) outros atraíram crianças com um ovo ou um fruto, assassinavam-nas e comiam-nas (…) e muitas vezes os corpos eram retirados da terra para matar a fome(…) habituaram-se de tal maneira a comer carne humana que ela era levada ao mercado já cozida e vendida como carne de carneiro(…) quem era apanhado a fazer isso acabava na fogueira(…) muitos tiravam do solo uma espécie de terra que se parecia com argila e misturavam-na com pouca farinha que tinham e com ela faziam pão para não morrerem de fome(…) mas muitos também tinham a pele esticada devido ao inchaço(…) a voz humana tornara-se esganiçada, parecendo-se com os gritinhos de aves em perigo de morte.”
Raoul Glaber: Monge da Abadia Beneditina de Cluny
Citano no Livro: O (Des)Caminho para Santiago de Cees Nootebonm, Pg 193

2 comentários:

Sergio disse...

Por instantes pensei que este era o primeiro capítulo do "nosso livro"....
De qualquer das formas, bem-vindo ao nosso "humilde" espaço blogosférico, amigo Jonas!!

Maria Monteiro disse...

Bolas! Isto é de facto "intenso" como diz o Carlos. Mas que imagem vamos dar? buhhhhh...... ;-))