As folhas de coca não se enganaram. «É o que diz a coca, 50% mais um dos votos», afirmou o sábio Kallahualla, numa cerimónia sagrada de leitura das folhas, em La Paz, no final da campanha para a Presidência da Republica, na Bolívia. E, de facto, Evo Morales presidente dos poderosos sindicatos cocaleros, 46 anos, será o primeiro indígena a governar o país que apesar dos seus riquissimos recursos naturais, continua na cauda da América do Sul, no plano de desenvolvimento. Morales é a esperança dos índios, que embora constituem 70% da população, nunca governaram a Bolívia, recentemente convertida à democracia. O problema é o como. Morales, cujos pais viviam na mais extrema miséria, a cultivar a planta tradicional do país, defende a derrogação dos direitos de propriedade das multinacionais que exploram o gás natural e o petróleo, cujas reservas na América Latina, só são ultrapassadas pelas da Venezuela. A Repsol, por exemplo, caiu mais de 2%, na Bolsa de Madrid, depois das primeiras notícias da vitória de «el Evo», datadas de segunda feira, 19. Além disso, o novo Presidente é um feroz crítico dos EUA, dizendo-se aliado de Chávez e de Castro. «Viva a Coca, Yankees Go Home», lê-se na sua página, na Internet.
Pág.86 - Revista Visão nº668-22 a 28 de Dezembro de 2006
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